quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A EDUCAÇÃO E AS NOVAS PERSPECTIVAS PARA GESTÃO ESCOLAR


A EDUCAÇÃO E AS NOVAS PERSPECTIVAS PARA GESTÃO ESCOLAR

 

Carla Castro[1]

Domigos Kimiecik[2]

 

Resumo

Inicialmente faz-se uma análise sobre a educação, seu significado e relevância. Em meio à vasta dimensão que o tema abrange, delimita-se o texto para abordar a gestão escolar, sua contextualização e as novas perspectivas, as competências do gestor, do supervisor escolar, do orientador e do administrador. Analisar a gestão da educação implica em refletir sobre as políticas de educação, por ser um processo construído coletivamente, que deverá levar em consideração a especificidade e a possibilidade histórica e cultural de cada sistema de ensino, utilizando as competências da equipe gestora.  De acordo com a Constituição e a LDB, a gestão da educação nacional permite situar o espaço das ações dos governos, sejam eles federal, estaduais e municipais.

 

Palavras-chave: Educação. Gestão escolar. Orientação educacional. Supervisão Escolar. Administração Escolar.

 

Introdução

Os gestores têm a difícil tarefa de gerenciar a educação de modo participativo e democrático em busca da participação de todos os alunos e da comunidade escolar, para desenvolver a principal função da escola - que é a função social e a pedagógica. Mediante esta perspectiva, o artigo se baseou em uma pesquisa bibliográfica evidenciando os aspectos gerais da Educação baseados na gestão, onde o gestor participa ativamente do processo desbravando novos caminhos para o sistema escolar. Nesse sentido, o gestor educacional deve ser dotado um perfil de liderança, competência técnica, habilidades, bom relacionamento, que o leve a construir a verdadeira cidadania em sua comunidade escolar. Para complementar o tema forma incluídas a função do supervisor, do orientador e do administrador como líder do processo educacional.

De acordo com a Constituição Federal de 1988 e com a Lei n. 9.394/96, que tratam das Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o Plano de Educação, a construção da educação deverá ser resultado da gestão democrática, através da qual a escola assumirá compromisso com a construção de sua identidade.

O objetivo da pesquisa é analisar a educação e as novas perspectivas para uma gestão escolar voltada à qualidade de ensino, contando com um gestor eticamente comprometido, crítico, motivado, afetivo e inovador, elemento determinante para o bom clima organizacional e para a melhoria da aprendizagem. Esse é o desafio, onde se procura despertar reflexões sobre a relação da gestão escolar e a função social.

No desenvolvimento do estudo buscou-se fundamentação teórica em Libâneo (2003) que trata da autonomia escolar; Lück (2000) enfatiza a gestão escolar; Morin (1997) defende o conhecimento expresso na reflexão e construção do pensamento; a pós-modernidade na educação é vista pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman trazendo valiosas contribuições. Contou-se também com a LDB 9.394/96 e PDE, diretrizes básicas da educação. Analisou-se ainda a participação do gestor, do supervisor escolar, do orientador e do administrador, por serem os principais atores de uma escola.   

No final, o estudo mostra a importância da educação e sua contribuição na formação de cidadãos capacitando-os para uma melhor qualidade de vida.

1 A Educação, seu significado e relevância


No Plano de desenvolvimento da Educação (PDE) encontra-se a principal meta do plano de desenvolvimento da educação voltado para uma educação básica de qualidade, para isso deve-se investir na educação profissionalizante e na educação superior. Para tornar-se uma realidade deve acontecer o envolvimento de todos: pais, alunos, professores e gestores, em busca da permanência do aluno na escola, mas para isso é necessário que a legislação seja conhecida e articulada amplamente. Com o PDE o Ministério da Educação pretende mostrar tudo o que se passa dentro e fora da escola e realizar uma grande prestação de contas. As iniciativas do MEC devem chegar à sala de aula para beneficiar a criança para atingir a qualidade que se deseja para a educação brasileira. O PDE foi editado pelo Governo Federal, por premissas a visão sistêmica da educação, a sustentação da qualidade do ensino e a prioridade a educação básica.

Educação, a princípio, visa  transformar e reeducar a ação do indivíduo, em ter princípios, valores, desenvolver a capacidade de  conceituar com análises próprias, criticidade, interpretação, saber ser contrariado e ser participativo sem ser agressivo, saber conviver em sociedade, saber se portar na sociedade como um cidadão com direitos e deveres, que age autonomamente, perceber os movimentos reflexivos, e observar que neles não há opositores e sim pensamentos que se aperfeiçoam a partir até mesmo das contrariedades. É ter discernimento que a depredação do patrimônio público, por exemplo, é depreciação do que é seu e não do Estado, como sendo uma forma de governo a parte de sua realidade e participação como um ser social. Que, não está agredindo somente ao outro, mas a si mesmo com atitudes degradantes, e consequentemente se degradando e depreciando porque ele/indivíduo faz parte do todo, e o todo é constituido pela parte, que sem a parte não há formação do todo, que somos a parte que constitui o todo. Que seja educado para buscar suas realizações pessoais. Ir em busca dos seus ideiais não quer dizer que não façam parte do coletivo, e agentes históricos integrantes dessa sociedade. O papel da escola é formar e informar, conceituar, e construir pensamentos complexos sobre as informações adquiridas no processo de ensino aprendizagem. As ideias de construção e de esperança, continuidade, de persistência, de integração com a globalização, a acessibilidade às informações e inclusões das diversidades com respeito e humanismo. O papel da escola é formar e não deformar o educando. Escolas sem profissionais qualificados, especialistas, estará prestando um desserviço a educação, e consequentemente deformando o cidadão.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação n. 9.394/96 (art. 21), a educação no Brasil se divide em Educação Infantil, Ensino Superior, Educação de Jovens e Adultos  e o Ensino Técnico.

Educação é a formação coletiva e cultural nas quais todos participam, os elementos de uma determinada comunidade escolar, que por sua vez está incluída numa sociedade mais abrangente ainda, e a palavra educação é o indicador de organização do conhecimento teórico, prático e atitudinal, considerando a formação formal e informal dos membros desse grupo. 

Educação é a relação do sujeito com as informações, inserido no processo de transformação das informações em conhecimento, logo, o papel do professor é de ser um agente facilitador, que viabiliza o acesso e quais os melhores métodos de ligação desse sujeito às informações.

As tendências metodológicas e toda gama de instrumentos teóricos servem como elementos de ligação do sujeito às informações, a fim de desenvolver-se como ser.  Sendo que, não existe um método apropriado, ou uma característica fixada a cada profissional de educação, que só saiba aplicar de acordo com aquele método, visto que seria um desserviço à pedagogia, porque há necessidade de que a teoria seja adequada a realidade e não ao contrário. Ou seja, a partir da realidade encontrada é que o educador irá adequar a sua metodologia e escolher as melhores técnicas para nortear suas práticas pedagógicas. Hoje em dia, é comum encontrar profissionais que dizem ser predominantemente desta ou daquela corrente, e impõem estas posturas na prática educativa desconsiderando a cultura e a realidade da comunidade na qual estão inseridos, sem falar em projetos impostos verticalmente para resolverem milagrosamente várias questões num pequeno espaço de tempo. A falta de qualificação dos cursos de licenciaturas e bacharelados para os educadores é lamentável, pelas lacunas que deixam e fomentam ainda mais a desvalorização da profissão, mais confundida com sacerdócio do universo - o Professor. Com todo o histórico da profissão, que era relacionada ao sagrado, na relação conhecimento e divino, o processo de aculturação já poderia estar mais avançado se a formação formal fosse conduzida paralelamente e proporcional a legislação do ensino no Brasil.

A educação tem como alicerces profissionais formados em disparidade à realidade e à sua legislação, que determinam leis de inclusão na legislação vigente, e não há nas grades curriculares das licenciaturas, não há disciplinas que formem e informem sobre as teorias, metodologias e práticas pedagógicas que englobem a inclusão de pessoas com necessidades especiais. Sendo essa lacuna provocadora de um seguimento de desserviço à educação.

Várias controvérsias são traçadas em torno da educação, tão precária de atenção, encontram-se discussões sobre métodos, grandes nomes, mas na prática o que se encontra são pessoas cada vez com menor número de informações e imensuráveis despreparos para realização de qualquer atividade. Ou seja, a educação não prepara de acordo com os objetivos, temos disciplinas na grade curricular, como línguas estrangeiras, mas os alunos saem do ensino médio após cumprirem toda a carga horária, sem ler, interpretar e sem se quer falar nos idiomas ofertados pelo ensino no Brasil. E até quando isso será normal? Alunos com disciplinas que não formam?

Muitas outras atividades estão sendo atribuídas aos profissionais da educação que assumem papéis de familiares, de cuidadores, ao invés de realizar suas verdadeiras funções, e para o que eles realmente foram preparados. A inversão de valores e de princípios acontece em vários segmentos, seja na política, seja na educação ou até mesmo na educação infantil, isso porque a legislação vigente dos municípios não é rigorosamente fiscalizada. Assim, as crianças permanecem em instituições completamente desestruturadas para trabalhar com o período mais determinante e importante da vida do ser humano.  Em países mais desenvolvidos já adotam práticas que priorizam a educação infantil, onde os profissionais para atuaremm nesse segmento devem ser os mais qualificados, doutores e mestres. Processo completamente inverso ao do nosso país, que exige magistério ou licenciatura, auxiliares com níveis médio e/ou fundamental.

Quando estamos falando em educação, a prioridade é definir o sujeito como objeto (a ser desenvolvido). E o professor como somatória de sujeito (subentende-se que já é desenvolvido, um objeto que já se transformou, após sua formação) e objeto, resultando na soma de informações, conhecimentos e procedimentos teóricos e atitudinais, um facilitador para a transformação  desse objeto, a partir das informações e conhecimentos construídos e elaborações de pensamentos complexos que norteiam as ações dos cidadãos nas sociedades nas quais estão inseridos. Todo o ser humano é um sujeito, um agente histórico, porém nem todo o sujeito contribui para o processo de educação formal, deixando assim de ser um objeto de educação, um educando. E os professores são agentes facilitadores, que atuam no processo transformador de cada objeto por deterem e obterem constantemente informações e estarem ligados diretamente com a construção, reconstruções e ressignificação da educação como pensamento complexo e suas relações.

Veja-se algumas obrigações dos educandos como planejar que norteia o fazer pedagógico, porém se deter somente nas formas de interligar o educando à informação sem rever os procedimentos e os objetivos que se quer alcançar, é  perda de tempo e do foco. Mínimos serão os resultados do processo de ensino aprendizagem, na formação de indivíduos autônomos, construtores de seus valores e princípios, prosseguirão com uma educação sem aplicabilidade na vida deles. Onde a singularidade do ser é desconsiderada desde o planejar pedagógico, e o educando se torna como é, em sua maioria, manipulável pela mídia e demais veículos de comunicação, alienantes, e indutivas aos ingênuos alunos estagnados no seu desenvolvimento reflexivo e autônomo. Que se apropriam de linguagem complexas mas fora de qualquer regra ortográfica com rapidez e autonomia, sem problemas de aprendizados, e muito menos sem reflexão sobre isso e onde pode lhes levar tal viés comportamental, é moderno.

Os professores mais eficazes procuram evitar uma postura de indisciplina, por já terem ordem e formação intronizada e que se materializa no seu fazer pedagógico. Detêm controle da tríade básica para um bom desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem que é relacionamento, planejamento e garantem a manutenção da disciplina, porque sem disciplina é inviável que se produza uma boa formação do pensamento complexo, sobre qualquer assunto desenvolvido em sala de aula e/ou em qualquer ambiente escolar.

Relações com variáveis que associadas a uma menor frequência de comportamento de disciplina já alteram os resultados dos entendimentos dos educando. Ter regras claras com os educando, disciplina justa, ações mais severas diante das injustiças e combate contra as impunidades, não se busca a formação de alunos autômatos, mas sim de cidadãos livres capazes de conviver em sociedade autonomamente, com respeito e ética recíprocas, manifestações de indisciplina ocorrem porque na maioria das vezes a família deixa impune esperando que a escola corrija e a escola não corrige esperando que a família tome providências e a impunidade perpassa todos os limites que deveriam ser claros desde o primeiro momento aos pais e aos alunos. E a explanação da importância dos conteúdos. Metodologias eficazes e de acordo com a realidade da comunidade escolar. Sem demagogias e hipocrisias de querer ser tendenciosa em ambientes visivelmente inadequados e sem recursos para abranger tais métodos. Coerência nas práticas pedagógicas. Organização, interação entre todos os membros da comunidade escolar, pais, alunos, professores, equipe diretiva e funcionários. Normas e padrões compatíveis com a realidade das comunidades escolares, uma realidade na maioria das vezes de má gestão, pobreza, indigna, prestando um desserviço a educação.

Os alunos precisam ter acesso à informação e ao conhecimento, ao cumprimento da legislação na íntegra, os profissionais em educação precisam dominar a legislação e interpretá-la na íntegra para posicionarem-se diante das exigências de seu cumprimento o mais breve possível, por isso há necessidade urgente de cursos de formação continuada para os profissionais que atuam em educação, mas que por um motivo ou outro não estão atualizados, não dominam nem as leis de diretrizes e bases que norteiam o ensino no Brasil.

Os professores que atuam nas redes públicas, se desdobram exercendo várias funções e desempenhando papéis que não lhes cabe. Os papéis e suas funções devem ser muito claros, sempre, nos projetos políticos pedagógicos, e gradualmente ir introduzindo profissionais especializados, os quais não fazem parte no contexto escolar e que os professores tentam suprir, mesmo sem formação específica para isso.

Deve-se ainda introduzir o sentimento de preservação do patrimônio. Respeito aos educadores e demais integrantes da comunidade escolar que não estão ali para ser desrespeitados e agredidos como como vem ocorrendo em muits regiões brasileiras. Ter princípios e valores, respeito, fomento às amizades, integridade, sinceridade, honestidade, espontaneidade, saber falar e mesmo assim conviver entre a diversidade e pluralidade. É necessário resgatar a lealdade, a responsabilidade, que se não for bem trabalhadO, poderá ter consequências negativas, o comprometimento consigo e com o seu próximo, o conhecimento dos seus direitos e dos seus deveres, por ser a educação um processo de formação formal do pensamento complexo, que se concretiza e se realiza nas nossas práticas cotidianas, que são plenas nas nossas ações como cidadãos brasileiros. O minimalismo de conteúdos/provas é subestimar não somente o aluno, mas a si como formador, e multiplicador de seres reflexivos, autônomos.

Se a educação formal estivesse sendo desenvolvida progressivamente, talvez o comportamento dos alunos já tivesse se modificado. Contrariando a visão da realidade brasileira que está estampada nas capas de jornais e revistas, nossa sociedade está em crise, porque a educação não educa com a qualidade que poderia estar sendo desempenhada com maior abrangência de conhecimentos globalizados, habilidades e reflexão. Os profissionais de educação, os professores, enfrentam políticas de desvalorização da educação, políticas verticais e sem diálogos democráticos com as pessoas que estão na prática, no cotidiano vivenciando as dificuldades, e sem tempo para amadurecimentos de leituras e escritas de suas experiências, que poderiam colaborar em muito com essa temática tão importante, a educação.

Para Morin (1997), o conhecimento é expresso na reflexão e construção do pensamento complexo, e o professor é um facilitador que interliga o educando e as informações, viabilizando o processo de aprendizagem, e a transformação da informação (informação=ação formada dentro), em conhecimento complexo/conceito complexo/atitudes coerentes. Logo, o conhecimento adquirido é transformador das atitudes como resultante da formação formal.

O processo de ensin’o aprendizagem é decorrente de uma série de relações pessoais e relações com as informações para nortearem a construção autônoma do pensamento complexo de cada educando, de forma autônoma, reflexiva, sendo o educando um ser social, inserido numa sociedade capaz de viver em sociedade com comportamento coerente a sua formação formal. Participar deste processo é redescobrir-se e reorganizar-se de acordo com a realidade da comunidade escolar, redefinindo e conceituando os papéis para melhor desempenho e desenvolvimento da educação.

O professor é um facilitador, um intermediador do educando com as informações proporciona um meio mais apropriado ao desenvolvimento formal de seus alunos. Educar é globalizar ações interligando-as e relacionando-as em detrimento da formação que só é completa quando o ser constrói seu pensamento complexo e modifica suas atitudes, com coerência entre conhecimento e atuação no meio onde está inserido.

O educando trás consigo vários conhecimentos adquiridos em sua educação informal, com sua família, em seu bairro, no seu ambiente além da escola, e essa formação adquirida não pode ser desconsiderada, pois ela pode ser facilitadora na hora de desenvolver suas habilidades, sendo que algumas podem ser corrigidas, como os maus hábitos e as outras mais estimuladas e desenvolvidas.


2 A Gestão escolar e sua contextualização

Com o passar do tempo, os conceitos foram se modificando e o antigo diretor de escola foi assumindo outra postura, embora as responsabilidades sejam imensuráveis, independentemente de épocas. As transformações nas gestões e formas de administrar as escolas, passam de profissionais educadores para vendedores de educação qualificada aos que têm condições financeiras, a minoria financeiramente desfavorecida permaneça excluída, por não terem recursos para adquirirem educação de qualidade e serem parte integrantes dos novos moldes clientelistas nos quais a educação se enquadra nos dias atuais. Ainda há uma grande maioria que não está incluída no ensino de qualidade, com grandes tecnologias, metodologias e recursos midiatizantes.

A realidade dos profissionais de educação e de desvalorização é uma luta progressiva e gradual, porém os avanços estão acontecendo não em igual proporção, mas estão surgindo.

Conforme Lück (2000, p. 11), a gestão escolar,

[...] constitui uma dimensão e um enfoque de atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos sócio-educacionais dos estabelecimentos de ensino orientadas para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de modo a torná-los capazes de enfrentar adequadamente os desafios da sociedade globalizada e da economia centrada no conhecimento. 

Hoje em dia é possível observar o perfil do gestor, suas novas atribuições, e a necessidade de se repensar alguns fundamentos na educação, de como reconceituar os conceitos sobre a educação, quebrando paradigmas, de acordo com a pós-modernidade conceituada por Zygmunt Bauman, sociólogo polonês. E não mais nos moldes organizacionais lineares modernos que estão em decadência desde o século XX. Lentamente a pós-modernidade vem se instalando e modificando os moldes educacionais, as formas de repensar, reconceituar a educação. Reorganizando-a de acordo com suas novas atribuições e perspectivas educacionais, visando,

[...] autonomia da escola e da comunidade – educativa; relação orgânica entre a direção e a participação dos membros da equipe escolar; envolvimento da comunidade no processo escolar; planejamento de atividades; formação continuada para o desenvolvimento pessoal e profissional dos integrantes da comunidade escolar; utilização de informações concretas e análise de cada problema em seus múltiplos aspectos, com ampla democratização das informações, avaliação compartilhadas; relações humanas produtivas e criativas, assentadas em uma busca de objetivos comuns (LIBÂNEO, 2003, p. 333).

As interdisciplinaridades, a pedagogia de projetos, os temas geradores de pesquisas, e atuações em sala de aula, resultantes das pesquisas sócio-antropológicas levam a uma construção do conhecimento e habilidades desafiadoras, por ser mais abrangente e atuar com a participação de todos integrantes da comunidade escolar. Práticas que vem abrindo caminhos para uma reflexão mais abrangente, e à novas perspectivas em gestão escolar. Atuações pedagógicas baseadas em uma fundamentação teórica muito linear, sem flexibilidades e realmente sem ser adequada à realidade dos alunos, que deve ser conhecida na sondagem e pesquisas sócio-antropológicas, no período inicial de cada ano letivo, e/ou semestre. Também observam-se profissionais que se descrevem sendo construtivistas, ou seguidores de desta ou daquela metodologia e tendência pedagógica, restritos. Com certeza, nos identificaremos mais com umas do que com outras metodologias, mas quando os profissionais estão estudando aprendem diversos tipos e métodos, para aplicar o mais adequado ao meio no qual serão inseridos.  Fazem cursos de alfabetização e já determinam quais serão suas práticas pedagógicas, atuações sem mesmo conhecer suas turmas, e vão atuar, pré-determinados, em escolas, que às vezes se quer tem regimento escolar e projeto político-pedagógico, caracterizando-se um desserviço à pedagogia. A sondagem é fundamental, a pesquisa sócio-antropológica, é básica ao bom desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, porque diante do contexto que se encontrar e suas formações informais, serão traçadas as metas, objetivos a serem alcançados e metodologias que serão aplicadas naquele contexto, naquela escola, para aquela turma.

Os profissionais fazem cursos e aprendem determinadas linhas metodológicas, e as praticam como sendo as únicas eficientes, sem adequação a realidade daquela comunidade escolar; neste particular, os gestores devem incorporar às suas antigas funções novidades como escutar os funcionários, escutar os pais, escutar professores e demais integrantes para elaborar um projeto democrático de desenvolvimento educacional, e não mais ficar só ligado às funções burocráticas que também são grandes atribuições. Logo, na atualidade, deve reinar não uma gestão centralizada, mas uma equipe diretiva, composta por vice-diretores, supervisores escolares e orientadores educacionais.

 As escolas que não estão devidamente enquadradas na normalização vigente com seus projetos político-pedagógicos prontos e seus respectivos regimentos escolares e, consequentemente, sem pesquisas sócio-antropológicas, os princípios e fins da educação se tornam de difícil alcance.

De acordo com a legislação vigente, e todas suas “inovações” de diálogo, asseguradas a partir da LDB 9.394/96, a participação de todos os integrantes de uma comunidade escolar passa a ser uma coisa “normal”, as formas deixam de ser lineares. São mais abrangentes e focadas no espaço de atuação, contrariando alguns projetos desenvolvidos por redes estaduais ou municipais, que aplicam a toda a rede de escolas desconsiderando a cultura, e particularidades de cada bairro, e seus hábitos, o que é previsto na legislação, porque para elaboração de uma projeto político-pedagógico e regimento escolar há necessidade de uma pesquisa sócio-antropológica, e integração dos membros da comunidade escolar. Cabendo assim à equipe diretiva e à administração das relações a busca de resultados dos objetivos elaborados pela comunidade escolar no qual a escola está inserida.

Além destes enfoques citados, são importantes também os processos de gerenciamento das relações, dos processos e a busca de resultados imediatos, porque se muda a visão de escola pública com a centralização de poder no Estado, e o Estado como mantenedor longínquo da suas perspectivas. De acordo com a legislação esse tipo de atuação e inovações nos procedimentos aproximam o desempenho das escolas da qualidade almejada para um bom desenvolvimento da educação, visto que a interação com os membros da comunidade, promove integração e desenvolvimento da sociabilidade que viabiliza que todos sejam integrados ao processo educacional.

3 Os integrantes da equipe gestora e suas atribuições

A seguir, reflexões sobre os diferentes membros da gestão escolar. O supervisor escolar, orientador educacional e o administrador; são os membros que constituem a equipe diretiva.  A gestão da escola é desenvolvida de modo coletivo com a participação de todos os segmentos nas decisões e encaminhamentos, oportunizando alternância no exercício da representatividade. Tal processo é coordenado pelo conselho escolar e equipe diretiva. A equipe diretiva é responsável pela organização do cotidiano escolar buscando a superação da dicotomia do administrativo/pedagógico. É composta pelo diretor, vice-diretores, integrantes do serviço de coordenação pedagógica. O órgão colegiado é responsável pela direção e coordenação do trabalho pedagógico coletivo e tem como funções articular, propor, problematizar, mediar, operacionalizar e acompanhar o processo político-pedagógico da escola, a partir das deliberações e encaminhamentos do Conselho Escolar.

3.1 O Supervisor escolar e suas atribuições

Com o passar dos anos muitas transformações ocorreram no sistema educacional brasileiro. Criou-se uma legislação, e a partir das primeiras normatizações foram sendo adequadas e reformuladas, conforme as necessidades que iam surgindo e que sempre surgirão, incluir a profissão do supervisor.

O supervisor escolar sempre esteve presente no contexto educacional brasileiro desde o período colonial, porém a nomenclatura e as definições conceituais da profissão só foram legalizadas no final da década de 60. Diante de um contexto político ditatorial, nesse período, remodelaram o sistema educacional do Brasil e essas reformas reorganizaram e reestruturaram todas as diretrizes e bases da educação brasileira; e os cursos de ensino superior, ao momento que o país atravessava

Cria-se então com uma nomenclatura específica o supervisor, que coordenava e também servia como “olheiro” para as cúpulas modernistas vigentes na época. O supervisor escolar tem como função estar em contato com professores e alunos, em constante diálogo e observação das práticas pedagógicas realizadas na escola, ao contrário daquela época que atribuíam uma função mais burocrática ao supervisor, hoje organiza reuniões, pautas de reuniões, cadernos de chamada, cursos de formação continuada, metodologias e práticas adequadas à realidade de cada turma e professor dentre seu contexto escolar.

O supervisor é o intermediador entre a sala de aula, o pedagógico, equipe diretiva, além de regular o cumprimento da legislação escolar. O supervisor é um articulador do processo educacional da escola onde ele atua.

3.2 O orientador educacional e suas atribuições

O orientador educacional exerce papel relevante no desdobramento da psicologia nas escolas, por ter conhecimento proximal, científico e qualificado, é quem pode intermediar as relações com imparcialidade. O orientador intermediador das relações professor/aluno e família/aluno, com conhecimento científico. O orientador educacional é o profissional que pode aplicar as testagens nos alunos que apresentam algumas diferenças comportamentais, emocionais, ou cognitivas; que prejudicam o processo de aprendizagem deles e do grupo, comprometendo a qualidade e o rendimento escolar.

É o profissional qualificado para encaminhar os alunos para os especialistas certos, notificar o conselho tutelar, e nortear as relações dos professores para com os alunos.

O orientador educacional é um dos profissionais da equipe de gestão escolar, trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal; em parceria com os professores, para compreender o comportamento dos estudantes auxiliá-los no desenvolvimento de sua socialização; com a escola, na organização e realização da proposta pedagógica; e com a comunidade, orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis de forma imparcial, norteando as relação e efetuando as testagens psicológicas quando necessário para os encaminhamentos aos profissionais especializados que complementarão o desenvolvimento do educando

O orientador não tem currículo a seguir. Seu compromisso é com a formação no que diz respeito a valores, atitudes, emoções e sentimentos, sempre dialogando, repensando, reanalisando, refletindo sobre o contexto junto aos envolvidos na problemática apresentada, analisando-a e criticando-a, a fim de resolvê-la de forma que fique esclarecido e resolvido de forma clara, para aluno, pais, professores, e demais membros daquele contexto.

O orientador exerce um papel fundamental nas escolas, apesar de muitas escolas não terem esse profissional na equipe, o que não significa que não exista alguém desempenhando as mesmas funções. A presença do memso é muito importante porque a formação do orientador é na área  próxima ao psicólogo, e não tem grade curricular de formação semelhante as licenciaturas, que formam professores. Hoje em dia, existem professores que tentam  ajudar o aluno em suas questões pessoais, o que não deve ser confundido com as funções do psicólogo escolar,  esse sim tem formação para uma dimensão terapêutica de atendimento. Já o orientador educacional lida mais com assuntos que dizem respeito a escolhas, relacionamento com colegas, vivências familiares.    

 3.3 O administrador escolar como líder da comunidade

O termo administração escolar nos remete e aproxima muito do termo empresarial, entretanto num ambiente escolar aprendemos a ter maleabilidade e adequações, e a partir disso, surgem outros conceitos, como gestão escolar que sugere sempre uma equipe diretiva e não mais a direção como representação de centralização de poder na figura do diretor. Essa equipe diretiva consiste no diretor, vice-diretores, no supervisor escolar e no orientador educacional, que exercem funções fundamentais ao pleno exercício de orientação e direção dos rumos de uma comunidade escolar. Mas, entre a lógica escolar e a lógica empresarial, há diferença, a lógica empresarial dá visão empresarial, já na escola, esta visão norteia uma ação pedagógica de produção de educandos todos padronizados. A empresa produz o “todo” igual e excluí o que não está em igualdade de qualidade.  Essa forma de proceder abrange os profissionais que devem se adequar em suas práticas, procedimentos, pois se não se adequarem aos tempos atuais serão igualmente excluídos da comunidade escolar e substituídos por perfis mais ajustados às filosofias das instituições de ensino.

O modelo empresarial produz em série, todos os seus produtos devem ser produzidos em larga escala, com qualidade e demais funções sob controle de qualidade para assegurar a eficácia e a eficiência de seus próprios resultados. O modelo escolar não pode se enquadrar nesse padrão e tomar esse rumo, e ter como bases norteadoras do seu funcionamento. Esse é o tipo de procedimento moderno, que está sendo transformado e dando vazão ao pós-moderno. O sistema pós-moderno segundo Zygmunt Bauman, é diferente, é imediatista, os procedimentos pós-modernos são rápidos, as pessoas visam aprender com eficiência, e de forma rápida, como se caminhassem sobre uma fina camada de gelo, se param correm riscos, por isso a pressa nos procedimentos, nas atuações e nas relações, o que modifica os fundamentos norteadores dos objetivos das pessoas, que estão modificando suas maneiras de viver, de se relacionar e consequentemente, na sua base que é a educação.

Se impõe uma ruptura da lógica da administração, uma ruptura com a lógica da educação do serviço público, que em sua maioria ainda age como se prestasse um serviço,  como se fosse um favor à comunidade, e não como prestação de um serviço de educação de qualidade, com profissionalismo e humildade. O tradicional supõe acomodação cultural a preservação. Há muitos acomodados nas gestões públicas do ensino no Brasil, os quais devem ser despertados para a realidade brasileira da educação. As ações devem ser reapropriadas e os profissionais em educação terem envolvimentos com transparência nos processos como um todo.

A administração não pode ser excessivamente burocrática e controladora, pois dificultaria qualquer gesto de criatividade, ou não permitiria incorporar práticas de melhoria de qualidade de ensino. É preciso que gestores e educadores se reeduquem na perspectiva de criar novas formas de particpação na escola, ouvindo, registrando e divulgando o que acontece na comunidade escolar.

 

Conclusão

Ao finalizar esta pesquisa, onde o objetivo principal foi o de refletir sobre a relação da gestão escolar e a função social da escola, acredita-se ter conseguido concluir com êxito os propósitos, os quais se pautaram no referencial teórico de diversos autores renomados.

Torna-se cada vez mais importante a figura do gestor escolar eticamente comprometido, crítico, motivado, afetivo e inovador. O gestor que busca uma gestão compartilhada é o elo na mediação sujeito e do saber, sustentando vínculos que permitam o desenvolvimento das competências e a construção de verdadeiros projetos de vida.

Nessa abordagem concluiu-se que o gestor escolar pode contribuir muito com a função social da escola, através da gestão participativa e democrática, possibilitando o envolvimento dos profissionais da educação, alunos, e comunidade em geral, na tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar.

Hoje, mais do que nunca, necessitamos do envolvimento e comprometimento de todos os segmentos da instituição escolar. Por isso a renovação da prática administrativa e educativa é um desafio para os gestores e educadores atuais.

Nesse sentido, a democracia deve ser construída no cotidiano das relações escolares, pois a efetiva democratização do ensino público somente irá acontecer através da democratização da gestão escolar envolvendo os setores mais amplos da sociedade.

O gestor além da qualificação técnica deve ter espírito de liderança para que seus funcionários estejam sempre motivados, o que não é tarefa fácil para nenhum gestor, frente a uma organização. Sabe-se, portanto, que equipes motivadas são imbatíveis, procurando sempre alcançar seus objetivos e metas estabelecidas.

O gestor difere das demais pessoas à medida que desempenha suas atividades favoráveis à liderança. Para isto requer habilidades de observar, escutar, falar, se envolver, compreender, orientar, dar e receber feedback. Não importa a intenção do gestor, mas como suas ações despertam a atenção, o interesse, e a motivação nos seus liderados, é o que faz a diferença.

Quando o gestor desenvolve um trabalho integrado com os demais elementos do processo educacional todos convergem na mesma direção, tendo se destacado em pesquisas como sendo um dos principais fatores que incentivam a aprendizagem dos alunos. É nessa nova realidade que o corpo diretivo forma uma rede de ensino democrático compartilhado.

De acordo com a legislação vigente e suas inovações de diálogo, asseguradas a partir da LDB 9.394/96, a participação de todos os integrantes de uma comunidade escolar passa a ser um procedimento normal, as formas deixam de ser lineares. São mais abrangentes e focadas no espaço de atuação, contrariando alguns projetos desenvolvidos por redes estaduais ou municipais, que aplicam a toda a rede de escolas desconsiderando a cultura, e particularidades de cada bairro, e seus hábitos, o que é previsto na legislação, porque para elaboração de uma projeto político-pedagógico e regimento escolar há necessidade de uma pesquisa sócio-antropológica, e integração dos membros da comunidade escolar. Cabendo assim à equipe diretiva e à administração das relações a busca de resultados dos objetivos elaborados pela comunidade escolar no qual a escola está inserida.

Acredita-se que essa pesquisa bibliográfica trará resultados satisfatórios, pois se verificou que a gestão escolar, quando participativa e democrática, constrói a verdadeira cidadania e desenvolve o potencial humano dentro de uma organização, sendo o gestor um agente mobilizador de todo esse processo.

Além destes enfoques citados, são importantes também os processos de gerenciamento das relações, dos processos e a busca de resultados imediatos, porque se muda a visão de escola pública com a centralização de poder no Estado, e o Estado como mantenedor longínquo da suas perspectivas. De acordo com a legislação esse tipo de atuação e inovações nos procedimentos aproximam o desempenho das escolas da qualidade desejada para um bom desenvolvimento da educação, visto que a interação com os membros da comunidade, promove integração e desenvolvimento da sociabilidade que viabiliza que todos sejam integrados ao processo educacional.

Pelo que se constatou no referencial teórico, a educação deveria adotar o modelo reflexivo na formação de professores onde a prática adquire o papel central de todo o currículo, ao invés das teorias de racionalidade técnica, que se utiliza da prática no final do currículo, isso aplicaria os conhecimentos adquiridos no modelo reflexivo. Sendo assim, a formação inicial de professores deveria começar pelo estudo e análise da ação de ensinar de forma reflexiva.

Com essa reflexão nosso estudo poderá contribuir para uma melhor compreensão do ensino nas escolas públicas e privadas, tendo como protagonista o corpo diretivo, cujos componentes consideramos capazes de refletir frente às implicações que envolvem o seu ensino.

 

 

Referências

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[1] Professora de séries iniciais e História, acadêmica do curso de especialização em Gestão Escola: Orientação, Supervisão e Administração Escolar – IERGS.
[2] Professor de Metodologia da pesquisa e orientador.

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