quarta-feira, 15 de maio de 2013

Cleptomaníacos

Cleptomaníacos têm as suas funções cerebrais aceleradas

Publicado dia 13/11/2008
Ao chegar a casa, ela guarda as compras depressa e corre para o quarto. Há anos esconde no fundo de uma gaveta da cômoda uma caixa de madeira onde guarda vários objetos. Momentos antes, ela estava em uma farmácia. Passou minutos enrolando uma atendente. Percebeu a distração e pensou: “é agora, tem que ser agora”. Foi naquele momento em que roubou um desodorante com tampa amarela. Em casa, depositou-o na mesma caixa de madeira que abriga outros objetos furtados. Satisfeita, deitou na cama e dormiu.
O episódio serve apenas para ilustrar uma situação rotineira de quem sofre de cleptomania, identificada como um distúrbio psicológico ocasionado pelo impulso de roubar objetos muitas vezes sem valor considerável e de caráter desnecessário. De acordo com a professora do curso de Psicologia da FADEP, Elizabeth Moreschi, o importante para o cleptomaníaco é a sensação de prazer que sente ao realizar tal ato.
A professora explica que essa compulsão é um fenômeno que não ocorre isoladamente. Elizabeth comenta que a cleptomania faz parte do Transtorno do Controle dos Impulsos, onde também se incluem a piromania (impulso de atear fogo propositalmente em objetos), a tricotilomania (ato de puxar os próprios cabelos por prazer), o exibicionismo (satisfação em exibir os órgãos genitais), o voyeurismo (sensação de prazer sexual pela observação dos órgãos genitais de outras pessoas) e o sadismo (excitação sexual pelo sofrimento psicológico ou físico do parceiro).
A professora explica que, quando um impulso entra em contato com as funções cerebrais, primeiro acontece a reflexão e, após, ocorre a ação (a decisão de realizar o ato ou não). Na cleptomania, a pessoa não entra no estágio de reflexão. No instante em que tem o impulso, já realiza o ato, sem levar em conta as suas conseqüências.
As manifestações da cleptomania, geralmente, acontecem no fim da adolescência e no início da vida adulta. “As crianças, algumas vezes, roubam objetos tolos, comumente no período escolar, quando aparecem em casa com um lápis, apontador ou borracha do colega. Isso ocorre porque elas estão aprendendo a controlar os seus impulsos. Em adultos, a manifestação da cleptomania é como se o desenvolvimento psicológico da infância não tivesse sido ultrapassada”, frisa.
Perfil do cleptomaníaco
A cleptomania, normalmente, se manifesta em pessoas que têm dificuldades de tolerar frustrações e que, ao se depararem com situações em que não podem ter o que desejam, possuem o impulso de furtar objetos. Cometendo essa ação, o indivíduo sente prazer, pois encontra no roubo uma forma de expressar raiva ou vingança perante as suas aflições.
A professora Elizabeth explica que o cleptomaníaco tem as suas funções cerebrais aceleradas, sendo assim, apresenta emoções intensas (pode ser uma pessoa extremante triste ou extremamente alegre). “Em alguns casos, a pessoa pode ter oscilações de humor. Quando isso ocorre, esse sintoma está relacionado ao Transtorno Bipolar”, destaca.
Tratamento
A maior dificuldade encontrada no tratamento é a sensibilização da pessoa que, por sentir prazer em cometer os furtos, não sente a necessidade de parar. Só quando os seus atos geram conseqüências é que ela reflete e identifica que está doente, recorrendo � ajuda psicológica.
A professora Elizabeth diz que a cleptomania tem cura, mas para isso a pessoa deve procurar auxílio. “O tratamento ocorre de acordo com a gravidade de cada caso e através de atendimento psiquiátrico e, se for o caso, com medicamentos que auxiliam no controle do impulso”, salienta.
Agência Experimental de Jornalismo da FADEP
Matéria: Jozieli Wolff
Coordenação e edição: Leonardo Handa (Jornalista / DRT 6323-PR)
agjornalismo@fadep.br / leonardo@fadep.br / (46) 3220-3046 / www.fadep.br

extraído de: http://www.fadep.br/fique-por-dentro/cleptomaniacos-tem-as-suas-funcoes-cerebrais-aceleradas/

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